Especialistas de diferentes hospitais do país vão debater, em um encontro virtual com inscrição gratuita, o cenário do transplante hepático no Brasil. Realizado pelo Martagão Gesteira e pelo Instituto de Ensino da Saúde e Gestão (IESG), o evento, que ocorrerá nesta quinta-feira, 17, das 8h às 12h, contará com profissionais especializados de hospitais como o Sírio-Libanês, o Hospital Infantil Menino Jesus, ambos de São Paulo, e a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, além do próprio Martagão.
Conforme reportagem publicada pela Folha de São Paulo nesta segunda-feira, 14, o Brasil realizou, entre abril e junho deste ano, menos da metade dos transplantes de órgão e tecidos do início do ano. Com a redução de 61% dos procedimentos, houve um aumento de 44,5% nos óbitos de pacientes cadastrados na fila de espera entre os dois períodos em todo o país. Os quantitativos levaram a Associação Brasileira de Transplantes a projetar para 2020 uma queda de doações e transplantes nunca vista antes.
Na Bahia, especificamente sobre o hepático, o Martagão será pioneiro no transplante de fígado, que é a única alternativa para crianças com algumas doenças hepáticas. No estado, no entanto, este tipo de transplante ainda não é feito em crianças. “O paciente que necessita deste procedimento aguarda somente a realização do serviço porque o doador já existe. Em geral, é um parente de primeiro grau. Este tipo de transplante é a única alternativa para eles. A criança aguarda apenas o serviço. Já há o doador”, ressalta o presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil (mantenedora do Martagão), Carlos Emanuel Melo.
Com o objetivo de realizar o transplante de fígado em crianças de 0 a 14 anos, o Martagão iniciou, em 2019, uma parceria de aperfeiçoamento técnico com o Hospital Sírio-Libanês. Profissionais da instituição foram para São Paulo para serem treinados no Sírio e, durante a parceria, trabalharão em conjunto para realizar os primeiros transplantes na Bahia.
“Esse evento faz parte de um conjunto de ações que o Martagão vem implementando, no sentido de debater e implantar o transplante de fígado no estado da Bahia, que é uma tentativa de suprir um vazio assistencial da saúde da criança ainda presente no nosso estado. Essa troca de informações contribuirá para o início do programa”, acrescenta Melo.
O encontro virtual faz parte das ações do “Setembro Verde”, uma campanha que busca promover a conscientização sobre a doação de órgãos. Inscrições no link: https://www.sympla.com.br/transplante-hepatico__965167. Caso prefira, o participante pode fazer uma inscrição solidária, no valor de R$ 50, para ajudar o Martagão.
Participarão do encontro os seguintes especialistas: Carlos Emanuel Melo, presidente da Liga Álvaro Bahia; Luciana Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria; Gilda Porta, médica do grupo de hepatologia e transplante do Sírio e do Hospital infantil Menino Jesus; Antônio Nocchi Kalil, diretor médico e de ensino e pesquisa da Santa Casa de Porto Alegre; ; João Seda Neto, médico do Núcleo Avançado de Fígado do Sírio; Bernardo Canedo, membro da equipe de cirurgia hepática do Martagão;
Participarão também: Erica Oliveira, diretora do Martagão; Jandrice Carrasco, diretora do Instituto de Ensino Saúde e Gestão da Liga Álvaro Bahia (IESG), Flávia Feier, médica do grupo de transplante hepático pediátrico da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; Melina Melere, coordenadora do Transplante Hepático Infantil do Hospital da Criança Santo Antônio/Santa Casa de Porto Alegre; Mariana Guimarães – médica coordenadora da equipe de Anestesiologia do Martagão; Tainará Oliveira, médica endoscopista e gastropediatra do Martagão; Tiago Oliveira, gastroenterologista e hematologista pediátrico.
No próximo dia 23 de setembro, será a vez do “transplante de medula óssea” ser tema do encontro virtual. O Martagão será pioneiro também neste tipo de procedimento: o primeiro caso na Bahia realizado em crianças e jovens na faixa etária de 0 a 14 anos pela rede pública será feito pela instituição filantrópica, referência em pediatria na Bahia. No estado, o transplante de medula óssea já é realizado por outras unidades de saúde, mas somente em casos a partir dos 14 anos. Abaixo dessa idade, os pacientes têm que se deslocar para outros estados, para viabilizar o tratamento. No caso do Martagão, o serviço abrangerá a faixa etária de 0 a 18 anos.