20.11.20

Violência contra crianças e adolescentes é tema de encontro virtual realizado pela liga álvaro bahia

A violência contra crianças e adolescentes é tema de um encontro virtual que será realizado, no dia 26 de novembro

A violência contra crianças e adolescentes é tema de um encontro virtual que será realizado, no dia 26 de novembro, pela Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, entidade mantenedora do Hospital Martagão Gesteira, em Salvador, e gestora do Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana. Somente em 2020, mais de 300 casos de pacientes pediátricos vítimas de violência foram registrados nas duas unidades. O presidente da Liga Álvaro Ba hia, Carlos Emanuel Melo, explica que, nos hospitais geridos pela entidade, têm ocorrido casos de crianças que chegam para serem atendidas, vítimas de violências (negligência, sexual, física, queimadura, tentativa de suicídio e intoxicação). “Tem nos chamado a atenção, nos hospitais que gerimos, especialmente no Martagão e no HEC, um alto índice de casos relacionados a pacientes que sofreram violência antes de dar entrada no hospital. Pretendemos mostrar esses números e provocar o debate sobre o tema”, destaca Melo. No Martagão, em 2019, foram computados 93 casos. Destes, 81% estão relacionados à negligências; 16% a maus tratos e 3% a abuso sexual. Neste ano, até o mês de setembro, o hospital já recebeu 54 casos, 89% de negligências e 9% de abuso sexual. Já no Hospital Estadual da Criança (HEC), que é porta-aberta e possui emergência, durante o primeiro semestre de 2020, foi registrado um total de 250 casos de violência contra este público. Dos tipos notificados, os casos considerados como negligência (acidentes domésticos e quedas, por exemplo) registraram um total de 162, seguidos de 36 casos de violência física e 11 casos de violência sexual. A grande maioria ocorreu com crianças e adolescentes residentes em Feira de Santana, do gênero masculino – 131 casos – em faixa etária de 1 a 6 anos de idade – 122 ocorrências. No ano passado, foi registrado no HEC um total de 569 casos. Foram 387 casos de negligência, seguidos de 69 casos de violência física e 55 casos de violência sexual. A maior parte ocorreu com crianças e adolescentes de Feira de Santana, do gênero masculino – 314 casos –, em faixa etária de 1 a 6 anos de idade – 270 casos. Por causa da situação, foi criada no HEC uma Comissão de Violência, em Outubro de 2017, com o objetivo de avaliar e criar estratégias para diminuir o número de casos de violência contra crianças e adolescentes registrados na unidade. Em todos os casos, é feita a notificação e os encaminhamentos para as autoridades competentes. Para a diretora do Martagão, Erica Oliveira, trata-se de uma situação de desrespeito aos direitos das crianças e adolescentes que precisa ser debatida, a fim de que soluções sejam criadas para coibir esse tipo de ocorrência. “Através do debate, gostaríamos de movimentar outras instituições e sensibilizar a sociedade. Procurar entender melhor o problema. Tentar criar soluções. Apontar caminhos. Destacar essa situação que não pode passar despercebida nas agendas tão concorridas do nosso cotidiano”, afirma. Já a diretora operacional do HEC, Lívia Leite, ressalta que as ocorrências de violência têm relação com diversas áreas, além da saúde: social, educação e segurança. “É um problema multifatorial, mas que, no centro deles, estão as crianças e adolescentes, que terminam adoecendo”, diz.