Edna comemora após ser imunizada (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)
Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, a auxiliar de higienização Edna Brito Santos, 45 anos, foi uma das profissionais de saúde que passaram a atuar no Hospital Martagão Gesteira exclusivamente na UTI e enfermaria dedicadas aos pacientes com covid-19. Hoje, quase um ano depois, ela foi a primeira colaboradora da instituição a ser imunizada, no segundo dia de vacinação realizado pela Prefeitura de Salvador.
Emocionada, a auxiliar de higienização relembrou, ao receber a primeira dose, dos pacientes que foram tratados no hospital. “Foi uma tensão muito grande no início. Foi um luta. A equipe toda se uniu. Ver cada paciente se recuperando era uma vitória”, disse.
Ela contou, ainda, que, com a imunização, o sentimento era de felicidade. “Eu estava ansiosa. Soube que seria vacinada quando estava no ônibus, me ligaram e disseram que eu estava convocada. Gritei e todo mundo aplaudiu”, acrescentou a colaboradora que deve receber a segunda dose da vacina no início de fevereiro. No total, a expectativa era vacinar ontem 273 profissionais de saúde do Martagão da linha de frente do combate à pandemia.
“A vacinação é um ato de esperança. É o começo do processo de imunização que vai levar um bom tempo, mas é a única alternativa que temos e que nos dá uma sensação de segurança”, ressaltou o presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil (entidade mantenedora do Martagão), Carlos Emanuel Melo. O gestor destacou que, de 800 crianças analisadas, 132 pacientes tiveram diagnóstico confirmado para covid-19 e foram tratados na instituição.
O prefeito Bruno Reis, que escolheu o Martagão para iniciar o segundo dia de vacinação de Salvador, afirmou que a meta é vacinar hoje, em toda a cidade, cinco mil pessoas. “Escolhemos aqui cinco categorias profissionais, porque há uma dúvida das pessoas, principalmente nas redes sociais, que acham que apenas médicos e enfermeiros serão vacinados. A imunização é feita também, por exemplo, nos porteiros e auxiliares de limpeza que atuam em hospitais, UPAs e Gripários”.
O prefeito ainda ressaltou que está na busca de mais doses para conseguir vacinar mais pessoas em Salvador. “Lembramos que a prioridade neste momento são todos os trabalhadores de saúde diretamente envolvidos no enfrentamento ao novo coronvírus, além de idosos que estão em instituições de longa permanência. Aqui, o Martagão faz um trabalho especial com crianças carentes, sendo uma referência na Bahia e no Brasil, e os leitos de Covid pediátrico na cidade estão aqui”, acrescentou Bruno Reis.
Atuando há sete anos no hospital, a médica intensivista Juliana Oliveira, de 35 anos, avaliou que a vacina é uma esperança renovada. “É uma emoção enorme após tanta tristeza, tanto transtorno. Os desafios são enormes neste período, de lidar com toda a paramentação, é um trabalho estressante, a gente não consegue ter vínculos maiores com a equipe, nem com os próprios pais, por uma questão de combate à infecção. Temos crianças em situação grave, muitas sofrendo e é bem difícil”, disse.
Para a técnica de enfermagem Ednalva Pereira, 43 anos, a expectativa agora é se livrar do vírus. “Pelo menos, ter a segurança de que estaremos imunes e que vamos imunizar toda a população. A esperança de um dia voltar a ter a nossa própria liberdade, de deixar de usar máscara, de aglomerar…”, salientou.
Visivelmente emocionada, a enfermeira Catarina Aquino, de 29 anos, disse que um filme passou pela cabeça no momento da imunização. “Veio tudo o que a gente viveu, valeu a pena as vidas que a gente salvou. Agora a gente está protegido, vai dar tudo certo e vamos sair dessa”.
“Esse momento é de muita felicidade por tudo o que vivemos, é uma vitória, tanto que na hora das fotos levantei a mão para demonstrar esse sentimento. Digo a todos que não tenham medo, a vacina foi passada por estudos e não chegaria aqui se não tivesse porcentagem de eficácia. Se vacinem, porque é o momento de a gente conseguir vencer essa pandemia”, recomendou a fisioterapeuta Carla Veloso, de 40 anos.