O Martagão Gesteira é um dos 32 centros de onze países da América Latina que participam de um estudo internacional liderado pelo St. Jude Children’s Research Hospital de Memphis, Tennessee. O trabalho de quatro anos mostra uma acentuada redução na mortalidade por piora clínica entre crianças e adolescentes hospitalizados com câncer depois da implementação de um Sistema de Alerta Precoce Pediátrico (PEWS, ESAP em português).
O estudo comparou os resultados de 32 centros que implementaram o sistema. “Efeito da implementação dos sistemas de alerta precoce pediátrica (PEWS) na mortalidade devido à piora clínica entre pacientes pediátricos com câncer em hospitais com recursos limitados na América Latina: um estudo de coorte multicêntrico prospectivo” é o título do trabalho que foi publicado recentemente na revista “The Lancet Oncology”, importante publicação na área. O estudo, que cita o Martagão, analisou a taxa de ocorrências de deterioração clínica antes e depois da implementação de PEWS, utilizando dados reportados desde abril de 2017 até novembro de 2021.
“Um sistema de alerta precoce pediátrico é uma ferramenta de pontuação clínica à beira leito associado a um algoritmo de escalonamento que ajuda a predizer enfermidades críticas entre os pacientes oncológicos pediátricos hospitalizados. São úteis e efetivos em todas as crianças e adolescentes hospitalizados, porém particularmente naqueles com câncer que correm um maior risco de deterioração”, ressalta Asya Agulnik, autora principal e correspondente e diretora do Programa Global de Cuidados Críticos do St. Jude.
“O principal resultado deste estudo foi o fato de a mortalidade entre as crianças com deterioração ter diminuído após a implementação de PEWS, mas sem aumentar a utilização dos recursos da UTI. Vemos isto como um chamado à ação para usar PEWS no cuidado de todas as crianças hospitalizadas com câncer”, disse Agulnik. Atualmente, mais 50 centros passaram a participar do estudo.
Os dados específicos do Martagão estão sendo atualizados e serão tema de dissertação de mestrado da oncopediatra do hospital Laura Fontes, mas uma análise preliminar já evidencia que houve redução na taxa de mortalidade na oncologia.
O Martagão, que atende 28 especialidades médicas – incluindo oncologia -, foi o primeiro hospital brasileiro a participar do projeto e um aplicativo foi criado na instituição, pela empresa Quickup, para contribuir para a redução. O objetivo principal foi permitir agir antes que o estado de saúde do paciente piore e identificar a gravidade da sua condição com ajuda da tecnologia.
O aplicativo visa mapear o PEWS, que em português foi traduzido como Escala de Sinais de Alerta Precoce (ESAP). Consiste em uma escala, com uma tabela específica. A equipe de enfermagem acompanha, verifica os dados vitais dos pacientes e pontua de 0 a 11. Assim, é feita a classificação de risco do paciente internado, para verificar se há possibilidade de que seu estado de saúde se agrave. Trata-se de uma escala específica que o St. Judes desenvolveu especificamente para hospitais de oncologia pediátrica da América Latina.
