Internado na UTI Neonatal do Martagão Gesteira, o pequeno Anthony Maciel tem apenas um mês de nascido. Quando a enfermeira o pega nos braços, ele abre os olhinhos e a boca, como se já soubesse que é a hora de se alimentar. O leite que recebe é uma fórmula infantil, com o objetivo de complementar o aleitamento materno.
Nessa unidade, assim como em todo hospital, o estímulo à amamentação e à utilização do leite materno são regras bem estabelecidas que definem a terapia nutricional dos lactentes internados. Porém, existem condições que determinam a necessidade de utilização de fórmulas lácteas.
Assim como Anthony, outros bebês podem ter o reforço com fórmulas, adquiridas por meio do projeto “Primeira Alimentação”, iniciativa do Hospital financiada pela Uber, através da destinação do Imposto de Renda (IR).
Uma forma prática e fácil de ajudar o Martagão, a destinação do IR é uma das principais estratégias de captação de recursos do Hospital para colaborar na estruturação de unidades e para cobrir parte do déficit operacional que chega, em alguns meses, a R$ 700 mil.
Ao fazer a destinação, o recurso é alocado no Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA). No caso do “Primeira Alimentação”, o convênio com a Prefeitura de Salvador, para viabilizar o montante, foi assinado no final de 2022, através da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude.
A finalidade do projeto é proporcionar melhores condições de alimentação para 1.800 crianças de 0 a 2 anos, por meio da manutenção dos insumos necessários para um aprimoramento do funcionamento da cadeia produtiva do Lactário do hospital.
O Lactário é o setor do hospital responsável pelo preparo, higienização e distribuição de dietas enterais e fórmulas infantis em pó, prescritas por médicos ou nutricionistas. Nele, as técnicas de assepsia e manuseio precisam ser rigorosas, de maneira a oferecer à criança uma alimentação adequada com o menor risco de contaminação possível.
A ação inclui, ainda, atividades de formação para mães, pais e responsáveis desses pacientes com o intuito de propagar os cuidados na alimentação. A ação está prevista para ocorrer por 12 meses (150 crianças por mês) e o recurso (R$ 309.863,49) foi destinado pela Uber.
A mãe do Anthony, a comerciante Márcia Araújo, 36, conta que seu maior desejo é ir para casa com o filho. Eles moram na cidade de Barrocas. “Estamos há oito dias aqui. O pessoal do hospital tem me ajudado muito. O que a gente quer agora é ir para a casa com meu filho”, ressalta.